CENTRO INTERPRETATIVO DO VALE DO TUA

ARQUITECTO/DESIGNER

Rosmaninho+Azevedo – Arquitectos

LOCALIZAÇÃO

Foz Tua, Portugal

DATA

2018

DESCRIÇÃO

Em 1880, a inauguração da linha ferroviária do Douro constituiu uma alternativa ao transporte fluvial. Os viajantes, mas mais particularmente os vinhos do Porto e os produtos necessários para os produzir, beneficiaram dos duzentos quilómetros de linhas férreas que ligam a fronteira espanhola e a cidade do Porto. Entre 1988 e 1990, os últimos 28 quilómetros desta ferrovia e várias secções de linhas afluentes (incluindo a do Tua), consideradas insuficientemente lucrativas, foram fechadas. Em 2008, a operação da linha do Tua cessou completamente. A construção duma barragem no rio Tua, aprovada no ano seguinte e com a necessidade de inundar 16 quilómetros de via férrea, tornou definitivamente impossível a reutilização do serviço nesta linha.

A criação do Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT) fez parte do programa de compensação associado à construção da barragem de Foz Tua. A sua finalidade é permitir que os visitantes conheçam a história do vale. O CIVT está instalado em dois hangares abandonados da estação ferroviária do Tua. A intenção foi dar a cada hangar uma identidade singular. A parte do programa dedicada às exposições temporárias e espaço de acolhimento passou a residir num hangar, que manteve o seu revestimento de madeira, um edifício centenário restaurado “tábua a tábua” e dotado do isolamento interior necessário. Separada por carris, a segunda parte do CIVT foi renovada de forma mais abrangente, de acordo com um programa ambicioso. O revestimento de zinco do edifício concilia duas escolhas quase antagónicas para nós: a aplicação dum material para se misturar com o carácter industrial deste recinto, exprimindo ao mesmo tempo uma dimensão nobre em consonância com o estatuto do Douro como Património Mundial da UNESCO. Painéis canelados de zinco foram instalados na cobertura e nas fachadas, reinterpretando o hangar de madeira.

A área do edifício foi ampliada de acordo com os limites impostos pela circulação dos comboios, a fim de abrigar todo o programa. A eliminação das plataformas laterais permitiu a construção de uma parede espessa que integra uma caixa de ar. Posicionado por trás do revestimento de zinco, produz ventilação natural, minimizando o uso de equipamentos de ar condicionado. Esta extensão transversal criou mais espaço para as áreas de exposição permanente instaladas no piso térreo do segundo hangar. No piso superior estão instalados o serviço educativo e os espaços de trabalho num mezanino. Com uma economia substancial de meios, a pele de zinco demonstra que é possível mudar completamente um edifício sem o descaracterizar, alterar o uso sem trair a identidade dum lugar.

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