HERDADE DA FERRARIA

ARQUITECTO/DESIGNER

Alexandre de Campos Godinho

COLLABORADORES

Arquitectura: Joana Ferreira, José Maria dos Santos, Mafalda Girão, Ricardo Francisco, Catarina Martins
Estrutura: PPE

LOCALIZAÇÃO

Sesimbra, Portugal

DATA

2017

DESCRIÇÃO

Este foi um projecto em que a estética rural foi abraçada em toda a sua extensão. No meio de florestas nativas e campos de cultivo, a estrutura existente sobre a qual se iria trabalhar, tinha sido um armazém agrícola tradicional. Rectangular na forma e constituído por dois andares, servia para o comércio agrícola da Herdade da Ferraria.

A abordagem ao nosso processo criativo para este projecto foi acolher a proposta da própria estrutura; reformulando-a de acordo com as orientações específicas do cliente.

Assim, o local foi convertido numa casa de família, mantendo o seu antigo carácter de celeiro em diálogo sustentado com o seu terreno envolvente. As intenções eram de refinar as características típicas da casa, bem como o potencial natural do terreno circundante.

As modificações provocaram grandes mudanças no carácter do local. Ao fazer uso da divisão interior pré-existente da casa, o terreno foi elevado a fim de alinhar o piso superior (e a área social) com a entrada principal existente. O objectivo fundamental desta transformação foi o de moldar o terreno à volta da casa, proporcionando uma ligação mais forte aos seus arredores naturais, mas também permitir mais privacidade para o chão dos quartos (inferior, ao nível do rés-do-chão).

A riqueza do ambiente natural circundante define os dois componentes visuais disponíveis aos habitantes; o chão dos quartos beneficia de uma vista florestal, enquanto que o pavimento social, agora completo com pavimento exterior (adjacente à sala de estar), olha para o legado agrícola da propriedade.

Dada a condição de respeitar plenamente a integridade histórica do antigo edifício, a escolha de materiais e técnicas de construção reflectem este objectivo.

A madeira é dominante e encarna a grande expressão no piso superior. A estrutura de uma treliça de telhado clássica, visível de chão para telhado, proporciona à área habitacional um ambiente único, que por sua vez anima o espaço longitudinal, marcando-o com a repetição transversal das vigas.

Mesmo com a utilização de materiais contemporâneos para valor acrescentado de conforto e eficiência energética, a preocupação era optar por acabamentos que se fundissem com a estética clássica convencional do edifício, tal como com as caixilharias exteriores das janelas.

Tendo também em conta as questões ambientais relativas à pegada ecológica (das quais a Enter participa), era também evidente que se deveriam procurar soluções eficazes, tais como a utilização de cortiça para isolamento natural (de base orgânica e reciclável), bem como painéis solares no terreno, camuflados de modo a não distorcer a paisagem, mantendo-a “limpa” de equipamento.