EMBRACING HOUSE

ARQUITECTO/DESIGNER

Pedro Quintela

LOCALIZAÇÃO

Malveira, Portugal

ÁREA

130.00 m2

DATA

2011

DESCRIÇÃO

A Chamada

No coração da Vila da Malveira da Serra, localizada na base da Serra de Sintra, virada a sul e com vista para o Oceano Atlântico, foi onde o Artista / Arquitecto Pedro Quintela desenvolveu este projecto.
Encontrada em ruínas, era uma casa rural confinada e robusta em forma de “U”, que abraçava um pequeno pátio utilizado para fins agrícolas.
Entre inúmeras visitas ao local, que suscitaram uma chamada íntima, no ano de 2008, o Arquitecto decidiu perguntar ao bairro se sabia de quem era a propriedade. O nome dos proprietários e da localidade circundante onde viviam foram-lhe indicados por um vizinho. Nesse mesmo dia, o Arquitecto foi a essa aldeia. Conheceu, numa das suas ruas, apenas uma pessoa, que surpreendentemente era precisamente aquela que procurava!
O Arquitecto mostrou o seu interesse pela ruína, explicou o tipo de intervenções que estava a fazer e propôs a compra da chamada “pilha de pedras”, deixando os antigos proprietários perplexos com o seu entusiasmo.

O Início

A fase de “limpeza” foi crucial para o desenvolvimento de todo o trabalho. Sempre presente e seguindo cada passo da sua equipa de cinco trabalhadores, a ruína foi meticulosamente limpa, dando-lhe a possibilidade não só de a conhecer mais intimamente, revelando todos os seus recantos e recantos, mas também de descobrir alguns artefactos de outrora, reinterpretando-os no novo trabalho e dando-lhes outra vida. Embora a intervenção tenha sido inteiramente inspirada por reminiscências do passado deste lugar, apenas as sólidas paredes de pedra original prevaleceram.
Com uma forma muito singular de estar na profissão e acreditando que o sucesso das suas intervenções arquitectónicas depende da sua total disponibilidade para as acompanhar in-loco, o Arquitecto decide mudar-se para uma casa próxima. Esta mudança permite-lhe integrar-se e familiarizar-se com o modus vivendi dos habitantes da aldeia, bem como criar as condições entendidas como cruciais para um crescimento saudável da obra, onde reina a harmonia dos detalhes num todo.

Materiais

Respeitando e preservando a identidade da construção original, a recuperação da ruína foi feita utilizando materiais locais, tais como madeira de pinho e granito da Serra, mas baseou-se principalmente nos materiais existentes. Como se recriasse um novo “puzzle”, o Arquitecto recorreu aos materiais originais da própria casa e conferiu-lhes novas funções noutros locais.

Processo

O trabalho decorreu durante dois anos, começando com uma equipa de cinco pessoas. À medida que o trabalho se tornava mais detalhado e exigia maiores níveis de procura, atenção e competência, o número de empregados tinha de diminuir. Com apenas dois trabalhadores tornou-se possível estabelecer um entendimento especial, incutir disciplina e brio no processo de criação do trabalho.
Método de trabalho
O seu método de trabalho é, garante-nos, intuitivo. Os seus verdadeiros clientes são as suas próprias obras, é com eles que passa a maior parte do seu tempo, “a ouvi-los” com toda a atenção. São eles que “lhe falam suavemente” e lhe dizem como querem ser reconstruídos. Como se ele fosse um “porta-voz”, assume que o seu trabalho é acima de tudo “ouvir” e criar naquele lugar único, o que ele pede para ser feito, ou não! Se a “comunicação” for estabelecida, torna-se prática, salvando-se do esquecimento, dos modelos de cartão e do diálogo fundamental e constante com os seus colaboradores, que considera de vital importância na minimização do intervalo de erro no trabalho e na fluidez do processo.

Conclusão

Através do seu conceito Holístico, aqui trabalhou as energias desorganizadas, utilizando-as, assimilando-as e organizando-as formando uma estrutura específica com identidade, criando beleza, verdade e valor. Acredita fortemente na Arquitectura como um processo de evolução (tal como a natureza) interligado em três fases: Adaptação (respostas imediatas do lugar); Transformação (reflexão) e Cristalização (Criação). Apenas ao passar por este processo, considera uma obra autêntica, respeitando assim “O Espírito do Lugar”.
No caso particular desta intervenção, pode dizer-se que a outrora pequena, confusa e muito compartimentada “casa em forma de abraço”, abriu os seus braços para se transformar num espaço fluido, espaçoso, luminoso e ao mesmo tempo acolhedor, onde tudo faz

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