EXPOSIÇÃO “LES NAIFS”

EXPOSIÇÃO

Les Naïfs

GALERIA

Galerie Jeanne Bucher Jaeger Lisbon

DESCRIPTION

André Bauchant, o Pintor Jardineiro, é um artista autodidacta. Começou a pintar tarde na vida, aos 46 anos, assim que regressou da I Guerra Mundial, altura em que tinha pintado pequenos postais que vendeu aos seus camaradas. A guerra levou-o para os Dardanelles, na Turquia, e mais tarde para a Grécia. As paisagens mediterrânicas que ele costumava imaginar quando era criança quando lia apaixonadamente sobre a Grécia Antiga e a mitologia tornaram-se vivas diante dos seus olhos e ficaram para sempre impressas na sua obra. Nela integrava, sem quaisquer limitações ou separação, paisagens, naturezas mortas, retratos, nus e grandes temas da mitologia e da antiguidade. Este trabalho único recebeu reconhecimento internacional e levou a que as pinturas de Bauchant fizessem parte de grandes colecções privadas (Sergei Diaghilev, Peggy Guggenheim, Christian Dior, Le Corbusier e Catesby Jones, entre outras), mas também de instituições de prestígio (o MoMA em Nova Iorque, o Museu de Belas Artes da Virgínia em Richmond, o Musée international d’Art naïf Anatole Jakovsky em Nice, o Museu Nacional de Arte Ocidental em Tóquio, o Museu Stedelijk em Amesterdão, o Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, o Centre Georges Pompidou em Paris, e o Tate Modern em Londres).

As pinturas de Louis-Auguste Déchelette representam cenas da vida quotidiana, em estilo realista e com humor desconcertante, na cidade ou no campo. As suas pinturas testemunham um gosto particular por detalhes e introduzem trocadilhos que estimulam os nossos pensamentos ou nos fazem rir através da sua vivacidade espiritual e acuidade crítica. Apesar das suas pinturas retratarem cenas de entretenimento popular ou outras cenas bucólicas, Déchelette demonstrou uma consciência social e política aguda, como testemunham várias das obras expostas. Déchelette dedicou-se exclusivamente à pintura em 1942, após a sua primeira exposição, organizada por Jeanne Bucher, ter sido bem recebida pela crítica. A aplicação de tinta e as escolhas judiciosas de cores mate nas suas pinturas devem-se provavelmente ao facto de Déchelette ter sido pintor de casas durante grande parte da sua vida.

O primeiro encontro com as obras de Bauchant e Déchelette produz no espectador um verdadeiro sentimento de suspensão do tempo. A estranheza dos espaços pintados e o aspecto invulgar das composições são quase inevitavelmente reminiscências das obras de Magritte ou Edward Hopper.

A junção deste núcleo de obras foi possível graças à curiosidade, ao investimento e ao olhar informado de Jeanne Bucher, que criou a galeria em 1925 e que, desde o início, desempenhou um papel importante na distribuição e promoção das obras destes dois artistas. Bauchant é a artista que Jeanne Bucher mais exibiu quando dirigiu a galeria. O seu interesse pelos artistas ingénuos ou “Primitivos Modernos”, como lhes chamou o coleccionador e comerciante de arte Wilhelm Uhde, levou-a a organizar, em 1942, durante a ocupação alemã de Paris, a primeira exposição dedicada a Louis-Auguste Déchelette, pintor anti-fascista e membro da Resistência, oferecendo-lhe assim um lugar de destaque na segunda vaga de artistas ingénuos.

Após a morte de Jeanne Bucher, a galerista Dina Vierny assumiu o seu compromisso apaixonado pela obra de Bauchant, e agradecemos à sua galeria por se associar muito naturalmente a esta primeira apresentação da obra de Bauchant em Lisboa.

Esta primeira exposição dedicada a estes dois artistas ingénuos faz parte da programação global da galeria de Lisboa, que será essencialmente, embora não exclusivamente, dedicada à arte contemporânea. Através da sua programação a galeria compromete-se a apresentar obras de arte provenientes de meios artísticos não classificáveis ou considerados “menos importantes”. O objectivo é abrir a mente do público a estas obras e mostrar a influência que elas tiveram na arte de hoje, criando laços de parentesco ou contrastes entre estas obras e as tendências artísticas estabelecidas.



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